Jovens testam seus limites em atividades radicais
No século 18, as expedições da Coroa Portuguesa cortavam Minas para levar, em lombos de mulas, as riquezas das Gerais até o Porto de Paraty, de onde seguiam em caravelas para enriquecer o reino de D. João V. Saíam de Diamantina – antiga Vila Rica –, passavam por Ouro Preto, Tiradentes, São João Del Rei, Itutinga, Carrancas, e iam recolhendo ouro e pedras preciosas pelo caminho da Estrada Real. E desde essa época não se via um grande evento que enriquecesse um reino.
Os jovens adventistas do sul de Minas corajosamente e contra todas as adversidades impostas pela organização do evento, participaram da Corrida de Aventura na Estrada Real, intitulada “Rumo ao Reino”. Foram quatro dias de ações sociais e duras provas de aventura que envolveram oito equipes no leito da Estrada Real, entre Itutinga e Carrancas, em meio a cenários maravilhosos e natureza preservada, nos dias 28, 29, 30 de abril e 1º de maio.
O confronto das equipes foi contra o relógio, na maioria das competições, e uma demonstração de regularidade – revezando canoas canadenses e bikes, o que veio acalmar um pouco os ânimos, no domingo à tarde.
Na prova de Navegação, as equipes cruzaram a Serra Ouro Grosso, orientando-se apenas com uma carta topográfica e bússola. No alto da serra houve um Posto de Controle (PC), para garantir que todos fizessem o percurso programado, mas nem todos os participantes encontraram o PC, o que custou um bom prejuízo na soma final de pontos.
Enquanto algumas equipes navegavam no Ouro Grosso, outras participavam de uma prova de bike, também de velocidade, cumprindo um trecho de 11 km, utilizando a planilha fornecida pelos organizadores.
Após a realização dessas provas, os competidores teriam que cumprir uma terceira etapa, ainda no período da manhã, remando e fazendo rapel. Cada equipe largava com seis atletas da Praia da Nadinha. Três se dirigiam correndo para a Garganta, um afunilamento do Rio Grande com um alto paredão de pedra, para descer de rapel dentro das canoas dos colegas de equipe. Outros três participantes iam até o local do rapel remando uma canoa cada um. Após realizada a operação, os atletas voltavam ao local da largada, remando, para a tomada de tempo. Foi um festival de canoas viradas. Quatro no total.
À tarde aconteceu o revezamento de canoas e bikes. Os participantes remaram desde a Fazenda Velha, às margens da Represa de Camargos, passaram sob a ponte da MG 451 e subiram pelo Ribeirão Fazenda Velha até a monumental Cachoeira do Raulino. Enquanto dois participantes remavam, outros dois pedalavam até a cachoeira. Quatro participantes de cada equipe iam de carro até a cachoeira e voltavam remando e pedalando. Mas tudo isso dentro de um tempo estipulado, cumprindo horário para atingir os PCs e utilizando planilhas.
E, para finalizar a “maratona”, um refrescante cascading – rapel em cachoeira – na Cachoeira das Andorinhas, mas só como recompensa. Sem competição, essa prova só teve que ser realizada, e mesmo assim, uma equipe não conseguiu fazer o rapel, perdendo pontos.
E como se não bastasse o domingo repleto, as equipes seguiram para Carrancas, para uma segunda-feira de novas atividades. O Centro de Orientação Serra do Lenheiro (Cosele), de São João Del Rei, organizou uma prova de orientação no complexo da Zilda em Carrancas. De manhã, as equipes tiveram que se orientar por um mapa e chegar aos PCs. Atravessaram rios, nadaram, andaram muito para picotar um cartão, e assim comprovar a passagem pelos locais. Os pontos ficaram espalhados pelas matas, trilhas e até em cachoeiras. À tarde, foi realizado o encerramento do evento na praça de Carrancas. Todas as equipes receberam um lindo troféu confeccionado em estanho maciço, representando o monumento da Estrada Real da praça da cidade. Venceu a Equipe Vermelha, de Cataguazes, que levou também o troféu itinerante do evento, um grande brasão esculpido em madeira.
A cidade de Carrancas tem ótima infra-estrutura para o turismo. O município abriga mais de 100 cachoeiras e oferece um leque muito grande de locais para o visitante. Itutinga, entretanto, está despontando para o ecoturismo com ênfase para o turismo de aventura, com infra-estrutura ainda um pouco acanhada e pouca visitação, conta com um hotel, duas pousadas e duas áreas de camping. Suas cinco serras, dois rios, duas represas, cachoeiras e corredeiras, proporcionam todo tipo de atividade esportiva de aventura. Tudo isso dentro de um verdadeiro santuário ecológico, com natureza preservada e sem as aglomerações causadas pela visitação em massa. Para saber mais sobre este paraíso, visite www.itutinga.tur.br
Paulo Gaia é jornalista